Fotos que contam histórias

Spathi
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Dente-de-leão

Taraxacum officinale

As serpentes e o castelo de Neomarica

Neomarica sp.

“Durante um período do ano, os castelos mágicos de Neomarica aparecem sobre a terra, no alto de colinas verdes.

Menos de doze horas se passam desde o momento que surgem até desaparecerem completamente, para então ressurgirem em outro dia, noutro local.

E é nessa época que costumamos ouvir relatos encantados, enebriados, por vezes até assombrados daqueles poucos agraciados com a sorte desse vislumbre. Vistos, sim. Mas quem ousar desvendar seus segredos terá antes que enfrentar a fúria das três serpentes azuis…

Fronte azul e ventre amarelo, ambos entrecortados por raias, carregam a força de mil tigres, estampados nas marcas em seu dorso. Essas gigantescas, ameaçadoras e temidas criaturas protegem cada uma das três imponentes torres de cristal: o castelo de Neomarica.

Conta a lenda que as najas são mensageiras desses seres colossais e que, por isso, receberam o sopro de seu poder.

Os castelos mágicos de Neomarica continuam a vicejar sobre a terra, sempre na mesma época. E todos acham que isso é um sinal.

Sinal de que seus segredos nunca foram penetrados. Ninguém que tenha triunfado a batalha das serpentes jamais foi visto novamente.

Conta a lenda que a torre de cristal transforma-os em… serpentes azuis!”


Coleus e suas folhas-flores

As flores do Coleus pintam o ar de azul.

Solenostemon scutellarioides

Essas pequenas e delicadas obras de arte vão surgindo formando anéis. Ao final, numerosas flores enfeitam a planta lembrando as luzes de uma árvore-de-natal.

Há quem considere que observar uma flor permite-nos trafegar entre o mundo da forma e o da essência. O vislumbre do belo como ponte para percepção do mais elevado (*).

Se assim for, algo semelhante poderia ser escrito para as folhas do Coleus…

Sua folhagem veste-se com um veludo de tonalidades e recortes, tantos e tão majestosos que olhar que aí passeia faz a mente esquecer-se que não são flores. E trafegamos por aquela mesma ponte.

Não são flores. Nem veludo tampouco. Do lado de cá da ponte, o mundo das formas conta uma verdade que nos parece bem menos convincente.





(*) Veja: Um novo mundo, Tolle, Eckhart.

Hibiscus e os escravos do tempo

Quantas vezes já passei por aqui…

Na esquina da quadra

Por muitas, apenas desviava daquele galho que pendia sobre a calçada que, pensava, deveria ser de pedestre. Muito menores foram aquelas em que reconhecia a flor e pensava: é uma “graxa”, coisa comum onde quer que se vá.

Vivemos os dias em que só as “anormalidades” parecem desviar nossa atenção, somente elas são capazes de roubar uns instantes de nosso precioso tempo, tempo escasso e urgente, do qual viramos escravos.

Duas quadras adiante

Os escravos do tempo costumam sofrer também de cegueira. E outros tantos males, devo admitir. Mas somente quem tiver olhos de enxergar esse laço invisível que lhe toma as rédeas poderá, talvez, vislumbrar através das frestas de uma cegueira inventada.

Quantas vezes já passei por aqui. Isso até está parecendo que é outro lugar…