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As duas Novas estrelas de 2013
A estrela surgiu na constelação do Centauro, daí seu nome Nova Cen 2013. Ela já existia, mas seu brilho extremamente baixo antes do evento Nova não permitia sua detecção. O que chamou muita atenção sobre essa Nova é que o aumento de brilho foi suficiente para torná-la um objeto facilmente observável a olho nú.
Ainda mais raro, em 2013 essa foi a segunda Nova passível de ser vista a olho nu, pois em 14-ago-2013 outro astrônomo amador, o japonês Koichi Itagaki, observou evento semelhante na constelação do Delphinus, com a Nova Del 2013, embora o brilho máximo atingido tenha sido bem menor que o da Nova Centauri 2013.
Observando as últimas fotos do céu que registrei, notei que a Nova Cen ainda aparece como uma estrela muito fraca (magnitude estimada entre 7.6 e 8.1), longe do alcance da vista desarmada mas ainda detectável para os sensores das atuais câmeras digitais. Apesar disso, talvez o registro não tivesse sido possível em céus com alta poluição luminosa.
A Nova Cen 2013 ainda brilha em nosso céu, 8 meses depois do evento que a tornou conhecida. Veja abaixo a sua evolução nesse período:






gerando exposição e pós-processamento das imagens também distintos.





Use o par de maior brilho para janeiro e o de menor brilho para julho.


links externos (em inglês):
Nova Centauri 2013
Nova Delphini 2013
O que é uma Nova?
Via-láctea

Parte da Via-Lactea. Dentre outras, vemos: Alpha Centauri, Omega Centauri e Cruzeiro do Sul.

Use a roda do mouse para zoom.

Oeste. Marte, Saturno e algumas constelações.
Use a roda do mouse para zoom.
Observando mais atentamente a primeira foto e comparando com fotos que fiz em dez-2013 sob um céu nada favorável, pude constatar que a Nova Centauri 2013 (link externo: Nova Cen 2013) ainda aparece nessa foto.
É um registro feito quase oito meses após ter sido detectada, em 02-dez-2013.
Veja os detalhes aqui: As duas Novas estrelas de 2013
Enquanto a Terra gira…


É claro, o movimento rápido vem da sobreposição de 3 fotos e os riscos com caudas não são apenas de uma simples foto. Embora exista alguma produção nisso, a essência do efeito reside no movimento aparente das estrelas.
Todos sabemos que a Terra gira, mas qual é o resultado disso sobre as estrelas do firmamento? A resposta rápida é: elas giram! Já de que forma o fazem, bem, isso poderá surpreender alguns.
Imagine que você esteja sentando sobre a borda de um gigantesco disco girando e que os objetos observáveis estão suficientemente longe de você. Tudo parecerá girar sobre você exatamente no sentido contrário ao do seu próprio giro. Mas se olhar para o ponto mais alto sobre sua cabeça, ele lhe parecerá fixo! O mesmo ocorre para o ponto diametralmente oposto, embaixo de você. Estes são os polos, determinados pelo eixo de rotação do disco em que está.
Notará também que os objetos perto de um polo parecerão descrever círculos cujo centro é esse polo. E quanto mais afastado do polo, maior será esse círculo. Já os objetos que estão na linha do seu horizonte (90º dos polos) parecerão girar em torno de você, afinal, em um espaço tridimensional o seu giro o coloca sob uma perspectiva de um mundo esférico ao seu redor. Transcendendo um pouco a noção de que círculos e seus centros estão em planos, os objetos do “mundo esférico” que você observa em seu gigantesco disco girante parecem todos girar em torno dos polos!
É claro que a percepção de que o polo é o centro será mais forte para os objetos perto dele, ou seja, para os objetos do mesmo hemisfério desse polo. Partindo de um polo ao outro, o círculo aumenta até um máximo para objetos na divisão dos hemisférios (linha do horizonte, 90º dos polos) para então voltar a diminuir até chegar ao outro polo.
Esta é uma analogia do que acontece com você ao olhar para as estrelas. A principal diferença é que a Terra não é um gigantesco disco plano girando, mas praticamente uma gigantesca esfera girando. Alguém sentado na borda de um gigantesco disco plano girando terá a mesma visão de alguém deitado na direção norte/sul e na latitude de 0°, ou seja, em algum lugar na linha do equador da Terra. Mudar a latitude do observador equivale a reclinar o observador sentado no disco. Um observador deitado em um polo da Terra (90º latitude norte ou sul) tem a mesma visão de um observador deitado no disco: eles estão olhando diretamente para o centro de rotação – o polo celeste – e todos os objetos descrevem trajetórias aparentes que são círculos concêntricos cujo centro é o polo.
Como uma imagem costuma valer mais que mil palavras, veja isso (clique em “Play” para ver a animação):



Uma coisa é saber. Outra é ver. A percepção do giro estelar aparente é esvaziada pela lentidão do movimento de rotação da Terra – 1 volta em 24 horas. Mas técnicas fotográficas como time-lapse e trailing star permitem uma experiência bastante real da rotação e, em geral, são imagens com grande apelo visual.
Será então que um vídeo vale por mil fotos?
Abaixo, algumas dessas imagens:

Lua, Parte brilhante da Via-Lactea (direita), Scorpius (a grande constelação do Escorpião dominando a imagem com Alpha Sco, a gigante vermelha Antares no centro da imagem)

Centaurus (Alpha e Beta), Crux (Cruzeiro-do-Sul), Saco de Carvão (a região mais escura da foto, do lado esquerdo do Cruzeiro e quase do tamanho deste), Carinae nebula (a região mais brilhante da foto)

“Stars-trail”, Gemini (Gêmeos), Jupiter (o traço mais brilhante), Capella (Alpha Auriga, traço brilhante mais a esquerda)

“Stars-Trail”, Sirius (traço brilhante, no alto centro-esquerda), Jupiter (traço mais brilhante da foto, centro-direita, tocando a árvore)

“Stars-Trail”, Pleiades, Satélite (tracejado, diagonal superior-direita/inferior-esquerda, polo norte celeste está 20º “embaixo da terra”)